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Mafalda Carmona

Arquitectos "nerds" ou investigadores?

Portugal em número de pesquisas e universidades que contemplam na estrutura de curso a investigação de arquitectura é apenas ultrapassado pelo Reino Unido e pela Bélgica. É um dado importante para a avaliar quer os cursos de arquitectura quer a prática e as características dos arquitectos portugueses. Será que podemos dizer que existem arquitectos-investigadores? Será que a investigação é uma tarefa reservada para a medicina, engenharia e outras ou também é essencial para a arquitectura? E para que serve a investigação, afinal? Quem a faz? E porquê?


É exactamente sobre este tema que o livro "Theory by Design: Architectural Research Made Explicit in the Design Studio" da Faculty of Design Sciences Artesis University College Antwerp University Associat reflecte:


" Como resultado do processo de Bolonha, a necessidade de conectar o ensino superior com a investigação (ou a chamada pesquisa) tornou-se uma questão importante. Para uma disciplina como a arquitectura, esta necessidade parece ter vindo a colocar uma enorme pressão no tradicional equilíbrio entre a teoria e a prática."


Quem nunca ouviu dizer: "Quem faz, faz... Quem fala, fala?" E aqui esse comentário parece fazer todo o sentido pois os arquitectos nem sempre conseguem conciliar da melhor forma a prática da disciplina e o ensino da mesma. Quantas vezes não se vê a crítica destinada aqueles que aparentemente possuidores de uma teoria inquestionável mas que durante décadas não viram qualquer obra sua construída?


Assim, aqueles que terão a tarefa de investigar para "traduzir" a arquitectura aos demais, porque o fazem?


"A investigação é levada a cabo com o objectivo de construir o conhecimento através da aquisição de conhecimento e sobretudo de interiorização desse conhecimento, para posteriormente poder existir a partilha desses resultados."



Nos gráficos abaixo podemos ver aquilo que em termos de investigação se faz em Portugal quantitativamente, comparativamente e em que universidades:

 ‘Design, Research and Education’ — in Dutch ‘O³_ontwerp, Onderzoek en Onderwij s’  OSO: Onderzoekscel StadsOntwerp – Research Unit Urban Design

"Nas universidades onde existem licenciaturas e mestrados em arquitectura, desenho e projecto são o cerne do programa de curso, com a disciplina de projecto" a coordenar as restantes disciplinas num entrelaçar de conhecimentos e dependências.


"O entrelaçamento da investigação e da educação de arquitectura baseada no projecto também afecta a relação entre ensino e design. Este livro centra-se explicitamente nas conexões: as conexões entre a construção do conhecimento e da teoria, ensino e aprendizagem, design e pesquisa."


"A arquitectura é um fenómeno, um campo de conhecimento e uma disciplina, sendo que no coração desta disciplina encontra-se uma miríade de campos e condições, conforme expresso pela Associação Europeia para a Educação na Arquitectura (EAAE):


Carta de Investigação na Arquitectura:


A arquitectura é a disciplina dedicada à criação, transformação e interpretação do ambiente construído e da articulação do espaço em diversas escalas. Trata-se de arte, ciência, design, conservação, planeamento, gestão, construção e representação,abordando questões de ética, estética, cultura e sociedade. A disciplina de arquitectura envolve a cultura, o ambiente, a sociedade e a economia assim como as condições que afectam a nossa qualidade de vida." in EAAE, 2012


"Este ensaio demonstra a predilecção pela experimentação dentro do estúdio de design, o impulso incessante para a mudança, a reorientação dos trabalhos de estúdio, e o poder inerente às mentes questionadoras dos professores extremamente dedicados."


Foi neste campo da Biofília que o Projecto_Baal foi desenvolvido. Baal é a sigla para Biophilic Archeological Artifact for Living (ou seja um artefacto arqueologico biofílico para viver) e foram utilizados os dados existentes actualmente na área da investigação da biofília aplicada à arquitectura, requesito essencial para a participação na competição patrocinada pela Interface Reconnect em 2013. O tema desta competição foi motivado pelo desejo de estabelecer um elo entre as pessoas, o espaço e a natureza.




Antes de mais é oportuno estabelecer uma breve definição de “Biophilia” (isto é Biofília): "é um termo criado pelo psicólogo social Alemão Erich Fromm em 1964 para descrever a atracção humana por todos os seres vivos e vitais. Em Biophilia (1984), Wilson procurou explicar esta atracção pelo desejo humano de se conectar com a natureza e estabelecer o elo entre o desenvolvimento evolucionário da humanidade no meio natural como a causa principal para esta afinidade." in C Biophilic Design Strategies to generate wellness and productivity, Edward Clark, LEED AP BD+C Christopher Flint Chatto, Assoc. AIA, LEED AP BD+C.

link para a fonte: http://www.aia.org/aiaucmp/groups/aia/documents/pdf/aiab104696.pdf


O ponto de partida para esta proposta biofílica é uma narrativa de ficção em que o projecto existe como ruínas remanescentes de uma estrutura arquitectónica do século XIII pertencente à Ordem de Santiago, descobertas no sítio arqueológico de Palmela. Hipoteticamente, estes fatos vieram ao conhecimento público no início de 2013 quando a comunidade científica revela o uso da arquitectura biofílica por esta velha sociedade, que aparentemente já tinha o conhecimento da existência dos higromorfos artificiais. Atendendo ao seu ambiente da envolvente natural de florestas de pinheiros, este facto poderá ter contribuído, pelo uso de analogias biomiméticas, à aplicação da resposta ambiental da pinha à humidade, pela alteração da sua forma, a uma aplicação prática às técnicas de construção de modo a usar esta resposta para controlar a ventilação da casa e a temperatura interior.



Inúmeras investigações tem sido levadas a cabo sobre este tema:



O Projecto_Ball foi classificado como um exemplo de Activismo na Arquitectura por uma das redactoras da Worl Architecture (WA), Ophelia Fletcher, no sentido em que está de acordo com: "o papel do arquitecto, como cidadão, é o de ser responsável por melhorar a qualidade do mundo e das vidas de todos".


Em 2015 o Projecto_Baal foi incluído na lista de nomeações para o World Awards, 19º Ciclo, e foi-lhe atribuído o prémio WA. Para conhecer mais sobre este projecto siga o link:


http://www.worldarchitecture.org/architecture-projects/hzzmp/baal-project-biophilic-archeological-artifact-for-living-building-page.html


Muitas vezes ao observarmos o edificado apercebemos-nos da integração mais ou menos explícita de elementos de inspiração natural, e é na biofília que podemos encontrar a motivação para esta prática.




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